Conhecendo
várias regiões brasileiras, seus Estados e principais cidades através de
trabalhos de workshops, palestras, cursos e outras atividades que me proporcionaram
uma relação estreita com os profissionais de beleza, venho observando, não é de
hoje, a falta de direcionamento dos profissionais para um dos mais importantes
e rendosos seguimentos de nossa atividade. Cuidados,
tratamentos e processos químicos de transformação específicos para cabelos crespos, ondulados e cacheados,
(leia-se afros) Por isso, aos interessados, posto alguns dados que poderão
fazer refletir sobre os caminhos que deveremos seguir como profissionais, instrutores,
professores, fabricantes e distribuidores de produtos destinados aos cabelos.
1 - O Brasil
tem hoje a segunda maior população de negros do mundo.Segundo dados do censo demográfico de 2010 do IBGE, de uma população de 190.755.799 habitantes, 50,74%, ou seja, aproximadamente 97 milhões de pessoas declararam-se negros ou pardos. Sem considerarmos amarelos e indígenas, já teremos uma população de negros maior que a de brancos em nosso país. Devemos observar que muitos ainda não se encorajam a declararem-se negros ou pardos, o que pode ter inibido a realidade dos números.
2 – Melhoria
da renda das classes C, D e E.
A partir de
do plano Real, em fevereiro de 1994 que promoveu a estabilidade econômica do
país, e sua continuidade nos governos seguintes, as classes sociais C, D e E,
que durante muitos anos, (diria séculos), foi base da raça negra no Brasil
também evoluiu econômica e socialmente, tiveram acesso as universidades, a
melhores empregos e muitos tornaram-se empreendedores, empresários,
profissionais liberais, etc. Desta forma passaram a participar mais
intensamente da economia como consumidores de produtos e serviços, tornando-se
ainda mais exigentes quanto a aparência.
Darci
Ribeiro (1913 – 1997) Antropólogo, educador, escritor e senador da república,
em frases que lhe são atribuídas, declara: “O Brasil é um país mestiço”, ou: “O
Brasil é um país mulato”.
Sei que
muitos dirão que já existem produtos para os fins citados, porém, uma pergunta
deve ser feita: Os profissionais estão instruídos, treinados e preparados o
suficiente para cuidarem deste tipo de cabelo?
Em minhas
experiências por todo o Brasil, e também em centros de aperfeiçoamento profissional, tenho
percebido a falta de orientação e treinamento adequado em muitos profissionais
para a lida com a clientela negra, isto porque muitas escolas e ou cursos seguem a “moda” importada de outros países, e
principalmente dos EUA para este tipo étnico, sem se aperfeiçoarem e a seus
instruendos para atender a cliente brasileira que é geneticamente ímpar com características
e qualidades únicas.
Aqui mesmo
no Rio de Janeiro, e também em outros Estados, há alguns profissionais que
descobriram este filão e hoje fazem sucesso e enriquecem com os serviços
direcionados a essas clientes.
CONCLUSÃO:
Não podemos generalizar. Em um país de dimensões continentais, há diferenças
regionais que devem ser levadas em consideração, mas de modo geral, convido a
todos a buscarem aprimoramento para atender com qualidade e perfeição a essa
clientela ávida por bons profissionais e serviços que lhes satisfaçam os
anseios.
Umberto
Castro